A redenção pela arte
Numa época de conflitos ideológicos, guerras culturais e politização extrema, não podemos perder de vista a importância da arte e da linguagem para elevar os debates, mas também para fortalecer nossa capacidade de preservar o que há de melhor em nossa cultura e evoluir para novas formas de expressão e pensamento que não sejam meras imposições ideológicas.
Neste livro, Gregory Wolfe procura nos mostrar como a imaginação e a arte podem nos ajudar a compreender melhor o mundo e nos conectar com as pessoas. Para ele, não há dúvida de que a arte em si não pode salvar uma única alma, muito menos uma nação, mas nesta era pós-moderna, em que a razão tornou-se suspeita, a imaginação nos ajuda a ver e falar a verdade.
Preocupado com a influência ideológica progressista na cultura moderna, Wolfe alerta para a necessidade do movimento conservador abraçar o modernismo, e não rejeitá-lo. Segundo ele, a crescente politização do conservadorismo e a tendência dos cristãos em menosprezar ou ignorar a imaginação têm ajudado a empobrecer o debate e as próprias manifestações artísticas. Artistas cristãos, segundo ele, deveriam ser confiantes o suficiente em sua fé para serem capazes de explorar o que significa ser humano, fugindo da tentação de se contrapor à secularização do Ocidente entrincheirando-se no fundamentalismo religioso.
Discorrendo sobre obras de grandes escritores, artistas e pensadores conservadores e cristãos, como Shusaku Endo, Geoffrey Hill, Fred Folsom, Russel Kirk e Malcolm Muggeridge, dentre outros, Gregory Wolfe nos mostra como é possível criar arte de primeiríssimo nível sem necessariamente abraçar o progressismo ou incorrer num tradicionalismo distante da realidade.
Para Wolfe, antes de pregar a divindade, é preciso trazer a humanidade de volta àqueles que a perderam. Ao citar o historiador de arte holandês Hans Rookmaaker, ele consegue resumir a ideia que está contida neste pensamento: "Cristo não veio para nos fazer cristãos. Ele veio para nos fazer plenamente humanos".
Notas sobre o autor:
Escritor, professor e editor, Gregory Wolfe é um dos pioneiros do ressurgimento do interesse na relação entre arte e religião. Professa um Humanismo Cristão que se apoia em um pensamento não-ideológico e independente, que procura nas artes uma verdadeira expressão do nosso tempo, sem perder o seu diálogo com a tradição artística que marcou a nossa cultura. Nasceu em Nova York em 1959 e é mestre em Literatura Inglesa pela Universidade de Oxford.
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