Lançamento da Missão. Crédito da foto: SpaceX
Testemunhamos mais um passo na agitada agenda espacial de missões à Lua em nosso verão meridional. Ontem, dia 15/02/2024, ocorreu o bem-sucedido lançamento da Missão IM-1 da empresa americana Intuitive Machines por um foguete Falcon 9 da SpaceX. Até o momento em que escrevemos o desenvolvimento da missão está nominal, a sonda de pouso Odysseus mostra boa saúde e aguarda o momento de injeção em sua trajetória lunar.
O módulo Odysseus. Crédito da foto: SpaceX
O objetivo da missão é tentar o primeiro pouso suave na Lua de uma empresa privada, e o destino é a pequena cratera Malapert A, a cerca de 300 km de distância do polo sul lunar. Como já reportamos aqui, o polo sul lunar está sendo bombardeado por tentativas de pouso que se desenrolam desde o ano passado, com a missão indiana Chandrayaan-3 (logrando o primeiro pouso lunar suave indiano), a missão russa Luna 25 (que se espatifou na Lua), a missão privada Peregrine (que também buscou ser a primeira missão provada a pousar na Lua, mas sofreu um vazamento fatal de combustível e retornou à Terra, incendiando-se na alta atmosfera) e a missão estatal japonesa SLIM (que obteve sucesso parcial: pousou suavemente, mas de ponta cabeça!). O plano da Odysseus é pousar no próximo dia 22 de fevereiro.
Momento da separação do módulo. Crédito da foto: SpaceX
A Odysseus está sob o guarda-chuva geral do programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS, Serviço de Cargas Comerciais Lunares) da NASA, que busca capacitar empresas privadas, em estreita parceria com a NASA, a prestar os mais variados serviços de logística entre a Terra e a Lua (se tudo correr conforme o plano, de forma muito mais barata da que a NASA é capaz), sejam missões tripuladas ou cargas de abastecimento. E a iniciativa CLPS é parte do ambicioso programa Artemis (do qual o Brasil é um dos muitos signatários), que prevê o retorno humano à Lua e estabelecimento de uma base em nosso satélite. Se a Odysseus for bem-sucedida, representará o primeiro pouso americano na Lua desde o longínquo ano de 1972, quando ocorreu a última das missões Apollo – a Apollo 17.
A missão Odysseus transporta doze cargas, tanto comerciais quanto da NASA, e embarca uma novidade tecnológica: o instrumento Stereo Cameras for Lunar Plume-Surface Studies (SCALPSS), desenvolvido pela NASA no Langley Research Center. A câmera SCALPSS coletará imagens, durante o pouso, da interação da pluma do foguete da nave de pouso com a superfície lunar, registando como a poeira superficial reage e se modifica durante o pouso. O experimento emprega fotogrametria estereoscópica, reunindo imagens de várias câmeras para criar uma detalhada imagem 3D da superfície lunar.
Os resultados, espera-se, ajudarão os engenheiros da NASA a prever em detalhes os efeitos dos pousos, incluindo erosão do terreno e danos a equipamentos próximos das plumas de combustão de naves em pouso. A importância disso? Quando as missões Artemis estiverem em funcionamento regular, espera-se que os pousos de naves e cargas robotizadas se sucederão com grande frequência, mas também na mesma localidade. É importante identificar o quanto antes as limitações de proximidade de pousos distintos nas imediações da base lunar, como parte de um problema integrado de engenharia para evitar danos ao precioso equipamento. Uma outra missão privada dentro do programa CLPS, a Blue Ghost, da empresa americana Firefly Aeroespace, está agendada para também utilizar o equipamento SCALPSS ainda este ano, com ainda mais câmeras adicionadas à tecnologia.
Por fim, possivelmente aguardamos ainda para o mês de fevereiro a terceira tentativa da gigantesca Starship, da SpaceX, de finalmente alcançar a órbita terrestre.
Aguardemos.
Assista ao vídeo da separação do módulo:
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