Uma introdução ao mundo das criptomoedas
Confesso que fiz um esforço para concluir a leitura desse livro. Apesar do tema relevante, o autor não conseguiu traduzir sua empolgação com o tema da mesma forma como fez sucesso com seus investimentos. Daniel Duarte é considerado um dos pioneiros no Brasil em relação a criptomoedas, em especial Bitcoin. Como outsider da área, eu não o conhecia, mas me interessei pelo livro para aprender e, quem sabe, me aprofundar mais sobre o assunto. Infelizmente o resultado não foi o que eu esperava. Mas não desanime, porque eu, particularmente, sempre fui cético em relação a ativos de risco e ganhos fenomenais no mercado financeiro. Não é o tipo de atividade que me empolga ou que eu faria mesmo se pudesse. A adrenalina e a possibilidade de grandes ganhos excepcionais sempre atraíram muita gente para esses mercados, principalmente jovens com algum dinheiro para perder e conhecimento no negócio. E é para esse público que o livro se destina na sua maior parte.
De qualquer forma o autor traz uma discussão interessante sobre o uso das moedas digitais e a possibilidade de, através da tecnologia, desnacionalizar o dinheiro e descentralizar o seu controle. Ele ressalta que o Bitcoin não é apenas descentralizado, ele também tem emissões limitadas. Portanto, os governos não podem controlar suas reservas. É também uma moeda global da qual nenhum governo específico se beneficia. É inerentemente uma moeda antigovernamental e antiestatal. OK, mas o que isso exatamente pode fazer de diferença em nossas vidas?
Uma versão puramente ponto a ponto do dinheiro eletrônico permitiria que os pagamentos on-line fossem enviados diretamente de uma parte para outra sem passar por uma instituição financeira, o que reduziria consideravelmente os custos de transação. Para eliminar a necessidade desse intermediário, as transações devem ser transmitidas por uma rede ponto a ponto, como um registro público que coletivamente contém os detalhes de cada transação enviada e recebida. Definimos uma moeda eletrônica como uma cadeia de assinaturas digitais. Cada proprietário transfere a moeda para a próxima, assinando digitalmente um hash (a função Hash é qualquer algoritmo que mapeie dados grandes e de tamanho variável para pequenos dados de tamanho fixo) da transação anterior e a chave pública do próximo proprietário e adicionando-as ao final da moeda. Um beneficiário pode verificar as assinaturas para verificar a cadeia de propriedade. Para resumir e simplificar: a segurança da transação é feita pelos próprios usuários através de chaves criptografadas.
Podemos definir criptomoedas, dessa forma, como unidades numéricas digitais cuja contabilidade é descentralizada. O funcionamento desses sistemas ocorre usando uma rede de computadores distribuída. Para garantir a invariabilidade da base da cadeia de blocos de transações, são utilizados elementos de criptografia — assinatura digital baseada em um sistema de chave pública, hash sequencial.
Muitas empresas, varejistas e lojas on-line já aceitam Bitcoin, a mais famosa das criptomoedas. Você pode comprar bens e serviços, ou usá-lo como meio de acumulação e para investimento. O autor defende a tese de que o Bitcoin tende a se consolidar como um “meio de reserva de valor” relevante no século XXI, e não apenas como moeda digital. Considerando que ele fez fortuna com esse investimento, podemos considerar que essa tese pode estar enviesada. De qualquer maneira não há como ficar de fora desse movimento. O Bitcoin nasceu da força irresistível que a tecnologia tem de criar meios alternativos de enriquecimento e de disrupção sobre a ordem vigente, seja ela econômica, política ou social.
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