O desfecho de uma obra prima do cinema e da literatura mundial
Depois de quase 3 anos, finalmente estreou a segunda parte do filme Duna, sucesso de público e crítica em 2021. Com 10 indicações ao Oscar, o primeiro filme bateu a marca dos US$ 400 milhões em bilheteria mundial.
Continuação da história do mesmo livro (clique aqui para ler nossa resenha), Duna 2 começa no ponto em que terminou o primeiro: com Paul Atreides (Timothée Chalamet) e sua mãe, Jessica Atreides (Rebecca Ferguson), abrigando-se junto aos Fremen para fugir da perseguição dos Harkonnen. Ainda relutante em assumir seu papel como Lisan al Gaib, o messias que transformará o desértico planeta Arrakis em um paraíso verde e que trará a almejada liberdade para seus habitantes nativos, Paul se apaixona por Chani (Zendaya), uma guerreira Fremen que duvida das profecias.
No desenrolar da trama, Paul adota o nome Fremen de Muad'Dib e conquista definitivamente a confiança dos locais. Sem perder o desejo de vingança pela morte do Pai e pela destruição da Casa Atreides, ele, com a ajuda dos Fremen, atinge os Harkonnen naquilo que lhes é mais valioso: a produção do mélange, a especiaria mais valiosa do universo. Como retaliação, o barão Vladimir Harkonnen (Stellan Skarsgad) nomeia seu sobrinho, Feyd-Rautha (Austin Butler), como governador de Arrakis. Sádico e extremamente cruel, ele inicia uma campanha de extermínio contra o povo local.
Enquanto isso, Jessica Atreides assume o papel de sacerdotisa-mãe dos Fremen (Quizara Tafwid) e convence os fundamentalistas religiosos do sul do planeta a acreditarem na profecia de que seu filho é o messias. Paul, ao assumir seu papel, inicia uma guerra não apenas contra os Harkonnen, mas contra o Império. Ao tomar ciência do que acontecia em Arrakis, o Imperador (Christopher Walken), em companhia de sua filha, a Princera Irulan (Florence Pugh), se dirige ao planeta com todo o seu exército para assumir o controle da situação e derrotar a insurgência.
Assim como no primeiro filme, o diretor Denis Villeneuve procurou seguir fielmente o livro, mas optou por fazer algumas alterações que, apesar de não comprometerem, chamarão a atenção daqueles que leram a obra:
A ausência da irmã de Paul, Alia, que no livro já nasceu mas no filme ainda está no ventre de sua mãe;
O maior protagonismo de Chani, que, além de ser contra o papel messiânico de Paul, não fica ao seu lado no final;
O menor tempo decorrido no filme entre os eventos principais.
Ao final, Duna 2 entrega um filme menos impactante do que o primeiro, mas mesmo assim apresenta uma estética impressionante, excelentes atuações e uma trama que prende a atenção do espectador durante as quase 3 horas de exibição. Um desfecho à altura da obra prima de Frank Herbert, sintetizando de forma clara as diferenças entre bem e mal, crença e ceticismo, manipulação e verdade. Uma ficção científica singular em que o ser humano, apesar de 20 mil anos à frente, ainda se encontra lutando para assegurar valores fundamentais para sua existência.
O leitor-espectador perceberá algumas sutilezas utilizadas pela direção para trazer um pouco de "contemporaneidade" ao filme, como a questão do fundamentalismo religioso versus o secularismo de alguns guerreiros Fremen, e o feminismo implícito da personagem Chani. Para um fã da obra literária como eu, não chega a comprometer, mas vale destacar que é justamente a riqueza de detalhes do livro que permite o brilhantismo do enredo no cinema.
Nota: para quem assistiu à primeira parte no cinema, mas não se lembra mais dos detalhes da história, há uma introdução, antes do filme começar, com um pequeno resumo dos acontecimentos.
Assista ao trailer oficial legendado:
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