Amor ao aprendizado
A grande maioria das pessoas tem uma noção equivocada de que a vida intelectual é um território exclusivo dos acadêmicos profissionais. Ledo engano. Aprender, conhecer e estudar são atividades que vivem e pulsam dentro de cada ser humano.
Neste livro inspirador, Zena Hitz, professora de filosofia e escritora, apresenta suas reflexões e experiências sobre esse tema a partir de sua trajetória pessoal e acadêmica.
Para a autora, a atividade intelectual reside mais na busca do que na realização. E essa busca está diretamente associada com nossa capacidade de saborear o aprendizado em si, sem nos preocuparmos com seus resultados imediatos ou sua utilidade aparente.
O amor pelo aprendizado pode ser buscado de diversas formas e em vários níveis, mas é no cultivo de uma vida interior que ele se manifesta com mais intensidade. Ao deixarmos de lado as preocupações sociais e suas comodidades, esquecemos, mesmo que por um instante, a pressão ansiosa das necessidades. O distanciamento do mundo através do isolamente espacial ou físico evita que nossos olhos e ouvidos sejam tragados por distrações.
Ler romances ou filosofia nutre a vida interior uma pessoa, assim como o interesse vivido por equações geométricas ou o encanto pelos fenômenos da natureza. Quando pensamos e refletimos, lutamos para permitir que nossos anseios pela verdade prevaleçam sobre os desejos que conflitam com ela. Afastamos as barreiras menores e mandamos para longe as divagações ilusórias. Ao exercitarmos o amor pelo aprender, fugimos do que há de pior em nós, alcançando algo além daquilo que não nos basta.
A vida intelectual abre caminhos de relacionamentos que não se baseiam na utilidade do outro, mas no respeito mútuo à luz de um objetivo comum. O aprendizado pelo aprendizado une pessoas em busca de uma mesma direção, alimentando formas genuínas de comunidade. Livros, ideias e reflexões sobre a vida são maneiras de pensar no que compartilhamos enquanto humanos. Desta forma, o valor da vida intelectual reside na ampliação e no aprofundamento da nossa humanidade.
Quem ama aprender busca a realidade, não um escape. Se a vida intelectual envolve, essencialmente, ir além da superfície, questionar as aparências, desejar o que não é evidente, então ela não tem nada a ver com o que geralmente é chamado de "conhecimento" - absorção de opiniões corretas. O estudo acadêmico é empolgante por si só, mas não representa nada em um mundo onde não há reflexão de primeira ordem, nenhum pensamento básico sobre a natureza humana ou sobre a estrutura e as origens do mundo.
Qualquer um que tenha um pouco de tempo para pensar pode alcançar a profundidade necessária para realizar qualquer empreendimento digno de nota. Para isso, no entanto, devemos libertar nossa intelecto e nossa imaginação em prol do que consideramos mais importante em nossos corações. A inteligência deve ser deixada livre para nos levar aonde for. Se ela for submetida a interesses econômicos, sejam eles pessoais ou públicos, ela racionalizará as agendas preexistentes em vez reformulá-las. Se não a deixarmos sossegar em sua esplêndida inutilidade, ela nunca dará seus frutos práticos.
Imerso em Pensamentos é uma obra que destaca, de forma contundente, a importância da contemplação e do aprendizado para enxergarmos, compreendermos e saborearmos o mundo como ele é. Um antídoto natural contra as mentiras que têm como objetivo impedir que busquemos a verdade, rebaixando a vida intelectual à mera "opiniotização" de tudo.
Sobre o livro: disponível no Kindle Unlimited e em capa comum. Clique aqui para comprá-lo na Amazon. Editora Kírion; 1ª edição (2 abril 2024).
Sobre a autora: Zena Hitz estudou no St. John's College, na Universidade de Cambridge, na Universidade de Chicago e em Princeton antes de lecionar filosofia na Universidade McGill, na Universidade de Auburn e na UMBC. Ela passou três anos morando e trabalhando no Apostolado da Casa Madonna e lecionou em programas prisionais e para outros estudantes não tradicionais. Quando não está ensinando ou falando, ela passa o tempo pensando em temas como o declínio moral e a queda de indivíduos e comunidades, conforme retratado em histórias desde Gênesis até O Poderoso Chefão.
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