Expectativa: um filme épico com grandes cenas de batalha e um personagem cativante e vigoroso. Realidade: um recorte da trajetória de Napoleão e um personagem insosso e pouco interessante.
Apesar da expectativa não realizada, não foi um filme ruim, longe disso, mas definitivamente não empolgou. Historicamente seguiu os principais acontecimentos com correção, ou quase isso. Retratar 26 anos de um dos períodos mais conturbados da história da França e da Europa em pouco menos de 3 horas é uma tarefa pretensiosa e nada fácil.
O filme começa na Revolução Francesa, onde Napoleão (Joaquin Phoenix), já oficial de artilharia do exército francês, inicia sua trajetória rumo ao poder absoluto. Girando em torno do seu conturbado relacionamento com Josephine (Vanessa Kirby), a história apresenta um Napoleão instável e até certo ponto refém das circunstâncias que se apresentam a partir de suas conquistas. E é nesse aspecto que o papel desempenhado por Joaquin Phoenix deixa a desejar, dado que em momento algum ele transmite a grandeza do personagem - pelo menos o personagem que imaginamos ser Napoleão, um dos maiores líderes militares e políticos da história do Ocidente.
Em relação às cenas de batalha, seis ao todo, o destaque fica para a de Austerlitz, conhecida como a batalha dos Três Imperadores, que resultou numa das maiores vitórias de Napoleão em sua caminhada para a conquista da Europa. Sem dúvida, um dos melhores momentos do filme. Outros personagens históricos, como o Czar Alexandre I da Rússia, interpretado pelo francês Edouard Philipponnat, e o Duque de Wellington, interpretado pelo inglês Rupert Everett, decisivos para o destino de Napoleão, fizeram suas aparições de acordo com sua importância para o contexto histórico.
Vanessa Kirby, no papel da polêmica Josephine, não compromete, apesar de não ser brilhante. Podemos perceber o esforço que foi feito para dar ao relacionamento entre os dois a importância vital que ele representou na trajetória de Napoleão, mas faltou a densidade necessária para isso. Contar a história a partir da ótica deste relacionamento, baseando-se primordialmente nas cartas de Napoleão a ela, foi uma escolha, e esse tipo de escolha é plenamente aceitável. Só que para isso dar certo na telona, teríamos que ter sido apresentados a algo muito mais empolgante do que ele nos pareceu no cinema.
E como estamos falando de Napoleão Bonaparte, é óbvio que poderíamos esperar mais, ainda por cima considerando o talento e o histórico de Ridley Scott, responsável por grandes clássicos do cinema, como Blade Runner, Alien o Oitavo Passageiro e Gladiador, entre outros. Na escassez de grandes épicos, principalmente relacionados a importantes personagens históricos, a expectativa criada em torno do filme é plenamente justificada. De qualquer forma, vale a pena assistir. É uma produção cuidadosa e imponente, digna do tamanho do desafio e do personagem título do filme.
Assista ao trailer oficial:
Sobre o Czar Alexandre I e a batalha de Waterloo, a derradeira derrota de Napoleão, resenhamos dois livros que podem interessar: Os Románov, de Simon Sebag Montefiori (dividida em três partes), e Waterloo, de Bernard Cornwell.
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