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Foto do escritorDalmo Moreira Junior

Oppenheimer - filme

Atualizado: 12 de mar.



A história da bomba atômica, por si só, já daria um roteiro interessante. Seu impacto na divisão política e ideológica do planeta durante décadas reverberam até hoje, fora a ameaça constante de aniquilação da raça humana que perdurará até Deus sabe quando. Oppenheimer, filme ansiosamente aguardado pelos fãs do cinema, entrega essa história de maneira competente, mas centrada na pessoa do físico americano J. Robert Oppenheimer, o líder da equipe de cientistas que desenvolveu a bomba.


Alternando cenas que contam o processo movido por membros do alto escalão do governo americano contra o físico, anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, por sua suposta colaboração com os soviéticos, e outras que mostram sua efetiva participação no desenvolvimento da bomba até seu lançamento em 1945, o filme é uma mistura de drama pessoal, dilemas morais, embates ideológicos e noções de física nuclear.


Oppenheimer, judeu e simpatizante de causas progressistas e revolucionárias, se vê dividido entre seu dever, como americano, de evitar a todo custo que os nazistas desenvolvessem a bomba primeiro, e o risco de abrir caminho para uma corrida armamentista que poderia destruir toda a humanidade. Apelidado de o Prometeu americano, e um dos precursores do estudo da física quântica na América, ele encarna o espírito da época, onde a guerra levou cientistas renomados a colocarem seu conhecimento a serviço da construção de armas de destruição em massa. Seu diálogo com Einstein é emblemático neste sentido.


O elenco é recheado de estrelas hollywoodianas, mas o destaque fica para Cillian Murphy como J. Robert Oppenheimer e Emily Blunt como Kitty Oppenheimer. Robert Downey Jr., como Lewis Strauss, é o antagonista da história que, por motivos pessoais, articula as acusações de traição contra o físico, mas seu papel é, de certo modo, exagerado e dispensável para a trama. O embate político e ideológico que acompanham as cenas de acusação são cansativas e enviesadas, lembrando a caça às bruxas da época do macarthismo, período da história americana movido um intenso sentimento anticomunista. Hollywood, berço do progressismo e simpatizante das causas socialistas, obviamente se ressente dessa época.


Há um detalhe interessante utilizado pelo diretor Christopher Nolan no filme, que é a utilização de cenas em preto e branco e cenas coloridas. Enquanto as cenas coloridas contam a história sob o ponto de vista da experiência pessoal do personagem principal, as cenas em preto e branco contam a história numa perspectiva mais objetiva, em terceira pessoa.


O filme acaba servindo de documentário histórico associado com um drama psicológico e político, mas deixa a desejar em alguns aspectos, principalmente na trama envolvendo o processo acusatório contra Oppenheimer e a falta de um contexto mais amplo sobre as questões políticas e ideológicas da época. A vendeta pessoal de Lewis Strauss contra o físico não convence, além de destoar da história que envolve o desenvolvimento da bomba e seus desdobramentos. De qualquer forma, vale a pena assistir, principalmente se levarmos em consideração as opções existentes em cartaz.



Assista ao trailer da Universal aqui:



















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