Genes
Este é o segundo livro do Dr. Siddharta Mukherjee que eu leio. O primeiro foi "The emperor of all maladies" sobre câncer. Este livro é denso (608 páginas) e o tema é pesado. Assim, por bem ou por mal, significando que há quem adore e quem não goste. Ele é escrito no estilo story telling, ou seja quando fala de um caso de um paciente descreve detalhes de sua história, pinta a cena, descrevendo um momento como a entrada no hospital com vento no rosto ou a aparência física de algum citado. Esta técnica foi utilizada também no seu outro livro, o qual ganhou um Pulitzer em 2011 e é uma forma de tornar mais palatável um assunto técnico. Acho uma estratégia válida para quem não é da área.
Este livro tem muitas partes a serem saboreadas e sugiro uma leitura sem pressa. Foi nele que me inspirei para escrever os outros artigos aqui do blog sobre Darwin e Mendel, os quais são citados no inicio do livro.
No final ele fala sobre a edição genética, seus conflitos morais. Queremos saber se o feto carrega nosso gene familiar de esquizofrenia? de câncer de mama (BRCA)? Qual a consequência? Seria correto abortar um feto com uma propensão genética alta mas sem certeza que ele irá desenvolver esta doença? E se esta edição for utilizada para a cura?
Como toda a tecnologia a edição de genomas poderá ser utilizada para o bem ou para o mal e as discussões sobre a moralidade destas possibilidades é, com certeza, válida e necessária.
Se você se interessa por estes temas, recomendo este livro porque é auto contido, introduzindo desde o inicio da história até o momento onde ele é finalizado. Ajuda também a entender o Nobel de química de 2020 que foi dividido entre Emmanuelle Charpentier, francesa, e Jennifer Doudna, norte-americana pelo desenvolvimento de um método para a edição genômica.
Eu classifiquei o livro como quatro estrelas e levei um bom tempo para processar a sua grande quantidade de páginas, mas sem nenhum arrependimento. Aprendi muito.