A verdadeira razão para a perpetuação do conflito entre Israel e Palestina
Muito se fala sobre a questão palestina, mas pouco se sabe sobre os verdadeiros motivos que impedem que uma solução definitiva seja encontrada para o conflito e se obtenha, finalmente, a paz.
Neste livro, publicado em 2020, os autores Adi Schwartz e Einat Wilf resgatam as origens do Estado de Israel e os acontecimentos que se desenrolaram desde sua criação para explicar como o problema palestino vem sendo retroalimentado pelo próprio Ocidente.
Em 1947, a ONU dividiu o Mandato Britânico da Palestina em dois Estados independentes, um judeu e outro árabe, com Jerusalém e Belém ficando sobre controle internacional. Os judeus aceitaram prontamente a decisão, mas os árabes a rejeitaram, considerando-a uma catástrofe (al-Nakba).
No ano seguinte, mais precisamente em 14/05/1948, é criado o Estado de Israel na parte que havia sido destinada ao povo judeu. 24 horas depois, em 15/05/1948, exércitos árabes combinados de 6 países (Egito, Síria, Iraque, Jordânia, Líbano e Arábia Saudita) atacaram Israel em três frentes diferentes.
O conflito terminou em 10/03/1949 com a vitória de Israel e um acordo de armistício com os países árabes. Como resultado, além da conquista de novos territórios para os israelenses, cerca de 700 mil palestinos foram forçados a deixar suas casas. Desde então, mais de 70 anos depois, milhões de seus descendentes ainda estão registrados como refugiados. Este grupo — diferente de inúmeros outros que foram deslocados após a Segunda Guerra Mundial e outros conflitos — continua a negar a existência de Israel e exige seu retorno para as áreas outrora ocupadas antes da partilha da ONU em 1947. Sua crença em um "direito de retorno" acabou se tornando um dos maiores obstáculos para uma diplomacia bem-sucedida e uma paz duradoura na região.
A criação de uma agência da ONU para tratar da questão dos refugiados, a UNRWA (United Nations Relief and Works Agency), em 08/12/1949, acabou ajudando a perpetuar o problema ao invés de resolvê-lo. Mantida com doações dos países ocidentais, a agência foi criada para ajudar o povo palestino a se reestabelecer economicamente e recomeçar sua vida nos países para onde migraram, mas ela se transformou, ao longo dos anos, numa agência de fomento ao ódio contra os judeus, retroalimentando o sonho de retorno dos palestinos aos territórios hoje ocupados por Israel.
E é sobre esse problema que o livro trata. A despeito do fato dos países árabes, com exceção da Jordânia, negarem cidadania para os refugiados palestinos em seus respectivos países, foi o Ocidente o grande responsável em manter a questão dos refugiados viva e perigosamente explosiva durante as últimas décadas.
Os autores concluem que os palestinos não podem ser impedidos de sonhar com uma época anterior ao nascimento do Estado de Israel e nem com o retorno a uma Palestina mítica, mas certamente é possível separar esse sonho de suas fontes de alimentação. O caminho para a paz só pode ser aberto se os palestinos entenderem que suas reinvindicações sobre a toda a Palestina, do rio ao mar, não têm apoio internacional, assim como Israel não tem apoio internacional para suas reinvindicações de território além da linha de 1967 (Guerra dos Seis Dias).
Um dos diferenciais que fazem da leitura desse livro fundamental para quem quer compreender melhor o conflito árabe-israelense, é a sua abordagem sobre um ponto de vista pouco explorado pela mídia e pela opinião pública. O apoio extremado de grupos de ativistas de esquerda pela causa palestina ultimamente, só mostra o quão pouco se sabe sobre as origens do conflito e a sua legitimidade. Ao transformarem o anti-sionismo numa pauta ideológica, estes movimentos dificultam ainda mais a busca por uma solução pacífica na região.
O papel da UNRWA no agravamento da situação, inclusive, ficou ainda mais evidente após o ataque do Hamas a Israel no fatídico dia 07/10/2023, onde 1.400 israelenses foram assassinados e 240 pessoas foram levadas como reféns. Apesar da agência negar colaboração com aquele grupo terrorista, as suspeitas sobre o envolvimento de alguns funcionários no ataque foram corroboradas pela própria ONU.
O livro ainda não tem tradução para português, mas você pode comprar a versão em inglês clicando aqui.
Sobre os autores: Adi Schwartz é um pesquisador e autor israelense. Seu trabalho se concentra no conflito árabe-israelense e na história e atualidades israelenses. Einat Wilf é uma ex-política israelense que atuou como membro do Knesset pela Independência e do Partido Trabalhista. Ela é uma das principais intelectuais públicas de Israel.
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