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Winston Churchill - Uma vida - Volume II - Martin Gilbert

Atualizado: 18 de abr.



A ascensão de um dos maiores estadistas da humanidade

O volume II desta biografia magnífica de Churchill começa em 1934, quando já com 60 anos, ele defendia no Parlamento Inglês a expansão da força aérea. O fortalecimento da Alemanha nazista era uma de suas maiores preocupações naquela época, tanto pela ameaça à liberdade e à democracia, quanto ao perigo que aquele regime representava para a glória do Império Britânico. As hesitações do governo em relação à Hitler incomodavam Churchill profundamente, mas Hitler já se incomodava com Churchill, mesmo ele fora do governo, a ponto de atacá-lo publicamente. As aspirações nazistas eram uma ameaça real à Europa e Churchill, mais do que ninguém, já previa o pior. Após a invasão da Polônia, a Inglaterra declarou guerra à Alemanha e Churchill retornou ao governo, depois de 10 anos, como primeiro-ministro do almirantado. Menos de 1 ano depois, em 1940, ele se tornava Primeiro-Ministro pela primeira vez - ele tinha 65 anos de idade. Logo após o milagre de Dunquerque, como ele mesmo chamava, fez um de seus mais célebres discursos na Câmara dos Comuns:


"Apesar de muitas partes da Europa e muitos antigos e famosos Estados terem caído ou poderem vir a cair nas garras da Gestapo e do odioso dispositivo do domínio nazista, não desanimaremos nem falharemos. Iremos até o fim. Lutaremos na França, lutaremos nos mares e nos oceanos, lutaremos com crescente confiança e crescente força no ar, defenderemos nossa ilha, o que quer que isso custe. Lutaremos nas praias, lutaremos nos aeródromos, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nos montes, e nunca nos renderemos. E mesmo que, e nem por um momento acredito nisso, esta ilha ou grande parte dela for subjugada e passe fome, então nosso Império para lá dos mares, armado e guardado pela Armada Britânica, continuará a luta, até que, se Deus o permitir, o Novo Mundo, como todo o seu poder e toda a sua força, caminhe para resgatar e libertar o Velho Mundo."


Churchill defendia a aproximação da Inglaterra com os Estados Unidos, e não hesitou em pedir ajuda aos americanos nos momentos mais críticos para os ingleses durante o início do conflito. Além da força de vontade, ele acredita que o planejamento eficaz era a chave para vencer a guerra. Em relação à Rússia, sua preocupação era evitar, a todo custo, que aquele país caísse nas mãos dos nazistas. Empreendendo diplomacia e esforços logísticos, ajudou os russos a resistirem à invasão alemã. Ao mesmo tempo, contudo, ele também se preocupava com a influência do comunismo na Europa. O fracasso do Acordo de Yalta, já no fim da guerra, demonstrava que sua preocupação era legítima. O termo "cortina de ferro" fora cunhado por Churchill para se referir aos regimes do leste europeu que caíram sob o julgo soviético quando da sua libertação dos nazistas.


Em 23 de maio de 1945, percebendo que o governo de coalização formado durante a guerra não poderia ser mantido, entregou sua demissão. Os Trabalhistas, de linha socialista, voltavam ao poder. Para Churchill, o socialismo estava "inseparavelmente interligado ao totalitarismo e ao abjeto culto ao Estado. Não apenas a propriedade, mas também a liberdade, em todas as suas formas, era atacada pelos conceitos fundamentais do socialismo." Entretanto, num país que havia sofrido as limitações impostas pela guerra, seus ataques aos trabalhistas e ao socialismo naquele momento foram considerados, por muitos, um exagero.


Mas o mundo estava bipolarizando e a guerra fria começava a surgir no horizonte, e as previsões de Churchill sobre os perigos da expansão soviética mais uma vez estavam certas. A terceira guerra mundial era uma possibilidade real. Churchill passou a defender o fortalecimento da Europa e o diálogo com os russos. O fracasso das nacionalizações do governo trabalhista, assim como sua política de tributação elevada e gastos excessivos, pavimentaram o retorno de Churchill ao poder em 1951, na véspera de completar 77 anos. Era seu segundo mandato, mas só que agora em tempos de paz. Sua política externa passou a ter como foco evitar a terceira guerra mundial e promover um diálogo entre as grandes potências. Sua saúde, contudo, o atrapalhou. Em 1955 pede demissão pela segunda vez. Apesar da saúde frágil e idade avançada, Churchill não deixou de fazer o que mais gostava nos tempos de folga: a publicação de seus livros (veio a ganhar um Nobel em 1953) e a pintura. Mas seu envolvimento com a política começava a diminuir, mas ele nunca a abandonou. Morreu aos 90 anos com um funeral de Chefe de Estado e muita emoção entre os ingleses. Mais de 300 mil pessoas foram ao seu velório.


Churchill foi um estadista que defendeu a liberdade e a democracia no mundo no seu momento mais difícil. Um líder que levou seu país a resistir sozinho à poderosa Alemanha e seus aliados durante mais de um ano. Um homem que soube aproveitar a vida em todas as suas dimensões com sua inteligência, talento e resiliência. Um político brilhante que nunca foi unanimidade, mas que tinha o respeito e admiração de muitos. Churchill foi o cara.





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